Muito se fala sobre saúde mental na mídia, da importância da prevenção às formas de abordagem usadas nas empresas, passando pelos sintomas e tratamentos. Mas, se tanto é falado na mídia, se tantas ações são propostas pelas empresas porque vemos um número crescente de pessoas adoecendo e se afastando por burnout, depressão, ansiedade, estresse?
Algumas das razões mais comuns para que as pessoas não discutam sobre sua saúde mental de forma aberta nas empresas estão:
Estigma: as pessoas podem temer que falar abertamente sobre suas questões com saúde mental, possam levar à discriminação, preconceito ou estigmatização por parte dos colegas ou líderes.
Represálias: algumas pessoas acreditam que possam ter sua segurança no emprego, promoções ou oportunidades de carreira, afetadas negativamente. Podem acreditar que seus líderes considerem que sejam menos capazes ou comprometidos.
Falta de compreensão: apesar de muito se falar sobre saúde mental, ainda há muito a se conhecer, e as pessoas podem temer que seus problemas não sejam abordados adequadamente.
Auto pressão/autocrítica: muitos ainda se cobram por resultados perfeitos, alta produtividade e podem acreditar que admitir problemas relacionados à saúde mental pode ser um sinal de fraqueza.
Considerando todo esse cenário possível, uma pesquisa* conduzida no Grupo de Estudos da ABRH: Saúde, Bem-Estar e Felicidade Nas Organizações, investigou esses aspectos. A pesquisa foi respondida por uma maioria feminina (68,9%) e mais da metade (58,5%) na faixa etária de 35 a 54 anos.
Ainda há um tabu enorme em sermos transparentes em relação a nossa saúde mental no trabalho. Seja porque não nos sentimos seguros em abrir problemas pessoais ou porque não queremos tomar contato com eles, o fato é que a grande maioria (70%) já passou por um problema pessoal que afetou a produtividade no trabalho.
Os principais são problemas familiares, com a própria saúde ou com a saúde de familiares, e problemas financeiros, e quando o assunto é compartilhar tais problemas com o RH ou com a liderança da empresa, sentimos mais facilidade em falar sobre questões relacionadas à saúde do que sobre questões financeiras.
Mas não podemos esquecer que os problemas relacionados diretamente ao trabalho também são questões importantes e que afetam o desempenho dos colaboradores. Aqui destacam-se os conflitos interpessoais, a carga de trabalho e cobrança excessiva.
Importante ressaltar que aproximadamente 50% dos respondentes presenciaram ou sofreram algum tipo de assédio.
Em um ranking dos problemas que mais impactam a saúde mental estão:
- 1º Assédio Moral/Sexual
- 2º Conflito com o Gestor
- 3ª Discriminação /Preconceito
- 4º Conflito com colegas
- 5ª Violência/ Perseguição
- 6ª Carga de trabalho excessiva
- 7ª Cobrança excessiva
- 8ª Injustiças
Vale lembrar que tais questões afetam não só quem está pessoalmente envolvido, mas também quem as presencia.
É fundamental fomentar a saúde mental nas organizações, e isso passa por criar e fortalecer uma cultura que promova um ambiente seguro psicologicamente, onde as pessoas se sintam confortáveis em discutir temas pessoais relevantes que podem afetar seus resultados.
Fica o convite para os RHs e lideranças das organizações: como promover a saúde mental no ambiente de trabalho?
São Paulo, 13 de Maio de 2024
Artigo escrito por Andrea Sarno participante do Grupo de Estudos “Saúde, Bem-estar e Felicidade nas Organizações” da ABRH-SP.