A busca por recolocação no mercado de trabalho é um processo desafiador para os profissionais. Mas atualmente soma-se a isto um novo obstáculo. Impulsionados pela disseminação de fake news, falsos processos de recrutamento representam riscos para os candidatos. A situação não apenas gera desgaste emocional para quem está à procura de um novo emprego, mas também pode resultar em prejuízos financeiros.
Os processos de seleção e recrutamento assumiram novo formato durante a pandemia. Em condições de isolamento social, a forma on-line foi fundamental nas etapas de recolocação profissional. Quatro anos depois, entrevistas realizadas virtualmente ou em formato híbrido tornaram-se rotineiras.
Ao mesmo tempo em que a tecnologia pode ser uma aliada de quem busca se recolocar no mercado de trabalho, o aumento exponencial de ataques cibernéticos e golpes em redes sociais exigem cuidados redobrados do candidato. “Em geral, esses golpes oferecem oportunidades muito boas, que chamam a atenção pela remuneração alta, carga de trabalho reduzida e pelo uso de nomes de empresas famosas”, observa Luiz Drouet, presidente da ABRH-SP.
De acordo com Veridiana Moreira Police, diretora jurídica da ABRH-SP, é crucial ter cuidado ao fornecer informações pessoais, como CPF e número de celular, em sites de recrutamento e bancos de talentos on-line. “Cibercriminosos buscam obter dados pessoais dos candidatos ou assumir o controle de suas redes sociais, muitas vezes por meio do golpe do código de segurança no WhatsApp”, diz. “Outra prática comum é o ‘pushing’, em que um suposto recrutador envia um e-mail falso, levando o candidato a um site malicioso que se passa por legítimo, na tentativa de roubar dados pessoais ao solicitar um login”, completa.
Para se proteger, recomenda Veridiana, o candidato deve estar alerta a e-mails suspeitos, com erros gramaticais, ortográficos ou provenientes de domínios desconhecidos. “Em caso de dúvida, é melhor não clicar no link e verificar a reputação da empresa que oferece a vaga”, reforça.
Desde 2020, com a entrada em vigor da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), empresas e consultorias de recrutamento e seleção têm a obrigação de informar aos candidatos, no início do processo de recrutamento, sobre a finalidade da coleta de dados, como serão armazenados e por quanto tempo.
Diante de um recrutamento que exija pagamento aos profissionais, Luiz Drouet destaca: “Nenhuma empresa séria que trabalha com seleção e recrutamento cobra taxa do candidato. Neste sentido, é importante pesquisar sobre a organização, buscando site, referências, o máximo de informações confiáveis, enfim.”
Para auxiliar o candidato, a diretora jurídica da ABRH-SP elenca algumas dicas:
– Pesquise sobre a reputação da empresa;
– Verifique a autenticidade da vaga e do site onde foi anunciada, assim como os perfis em mídias sociais;
– Exija informações detalhadas sobre a posição oferecida;
– Confirme a identidade dos recrutadores através dos canais oficiais de comunicação da empresa;
– Desconfie de solicitações de pagamento de taxas para participar de entrevistas ou do processo de seleção. São práticas ilegais que podem indicar fraudes.
Luiz Drouet e Veridiana Police lembram que a legislação trabalhista estabelece direitos e proteções para os candidatos durante o processo de recrutamento, incluindo a proibição de discriminação e as práticas fraudulentas.
Candidatos que forem vítimas de golpes em processos de recrutamento e seleção podem denunciar ao Ministério do Trabalho e registrar um Boletim de Ocorrência junto à Polícia Civil.
Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (25 de março de 2024).