Interseccionalidades e a busca por oportunidades para todas as mulheres

É notório o ganho das organizações quando passam a somar perspectivas e experiências. Por isso, incentivar ambientes conectados à diversidade produz resultados para todo ecossistema corporativo. Segundo um levantamento do ID_BR, o Instituto Identidades do Brasil, para cada 10% de aumento na diversidade étnico-racial nas companhias, é observado aumento de 4% na produtividade. 

A pesquisa ainda aponta que para cada 10% de aumento de diversidade de gênero, é possível notar um aumento de 5% na produtividade das empresas. Estes indicadores dialogam com o relatório TheReady-Now Leader da Ong Conference Board. Segundo o levantamento, as organizações que contam com ao menos 30% de liderança feminina tem 12 vezes mais chances de figurar entre as 20% melhores companhias com desempenho financeiro. 

Apesar dos indicadores demonstrarem que a diversidade no mundo corporativo é uma ferramenta estratégica, os desafios ainda são grandes para viabilizar ambientes dispostos a levantar ações e debates em torno desta temática. Também é preciso vencer os preconceitos em torno das interseccionalidades –  para aqueles que não conhecem o assunto, trata-se da interação entre dois ou mais fatores sociais que definem uma pessoa.

E, se por um lado, é reconfortante presenciar mais mulheres em posição de liderança, por outro, é impossível permanecer alheio a reflexão de quantos talentos não tiveram a oportunidade de alcançar o seu pleno desenvolvimento por ter de encarar os preconceitos em torno das interseccionalidades que a tornam única, além, claro, de transpor as barreiras já impostas naturalmente pela sociedade à uma mulher. 

Acredito que o primeiro passo para diminuir esses obstáculos é a educação e o debate em torno de como questões de gênero, raça e classe, podem colocar uma mulher à frente de seus pares, ou atrás. É necessário buscar o entendimento das dores alheias e exercitar a escuta ativa para construir um espaço de respeito mútuo.

A vivência prática, por sua vez, só será possível com a plena consciência dos próprios privilégios, a construção de alianças com grupos diversos em que exista o intercâmbio de crenças e visões diversas de como o mundo do trabalho é para as mulheres e como ele deveria ser para todas nós.

Entendo que o reconhecimento da pluralidade é o caminho para aprofundar o debate em torno das amarras visíveis e invisíveis que impedem mais mulheres extraordinárias de avançarem em suas carreiras: seja no campo corporativo, na academia, ou à frente do seu próprio negócio.

Por mais que o ideal esteja distante do real, o estabelecimento de políticas de recrutamento e seleção inclusivas é mais um passo em prol do crescimento das organizações. Aqui no Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE temos expertise para auxiliar as empresas parceiras, pois contamos com uma área especializada em inclusão de talentos nos mais variados pilares. Uma das formas para promover ambientes diversos é investir nos processos de contratação dos talentos do futuro. Um programa de estágio bem desenhado pode ser a porta de entrada para um trabalho inclusivo superando o tokenismo e a superficialidade.

Artigo escrito por Mônica Vargas, superintendente Nacional de Operações e Atendimento do Centro de Integração Empresa-Escola – CIEE 

(São Paulo, 11 de Dezembro de 2023)