Nos quase 40 anos de atuação em Recursos Humanos, Guilherme Cavalieri assinala contribuições fundamentais para a evolução do papel estratégico do RH nas organizações. Executivo em empresas multinacionais e nacionais de médio e grande portes, como Unilever, Boehringer Ingelheim, TAM, LG Electronics, Serasa Experian A.C.Camargo e Firjan, presidiu a ABRH-SP de 2019 a 2021. Dois dos três anos de sua gestão atravessaram os períodos mais críticos da pandemia de Covid-19. Na intensa gestão de crise foram lançados novos programas e estabelecidas parcerias transformadoras. Conselheiro com atuação destacada na maior comunidade de RH do Brasil, seus esforços convergem para alinhar a ABRH-SP aos temas mais contemporâneos e relevantes para empresas e gestão de pessoas. “Nossas conexões não se restringem ao Brasil. Hoje em dia, participamos de fóruns internacionais e asseguramos que estamos em linha com o que o mundo dos negócios exige”, afirma Cavalieri.
Do início de sua jornada profissional, Guilherme Cavalieri destaca os esforços para colocar o RH no mesmo grau de importância de áreas como Marketing, Finanças e Operações. “Comecei como trainee na Gessy Lever (atual Unilever) e ao assumir uma posição gerencial em uma das fábricas, localizada em Vinhedo (SP), descobri uma atuação absolutamente estratégica de gestão de pessoas”, conta.
A partir de uma nova organização no trabalho, com maior autonomia dos funcionários das linhas de produção, Cavalieri constatou ganhos importantes de produtividade. “A análise sociotécnica demonstrou mais satisfação no trabalho, em função da apropriação do ritmo e da organização das tarefas, do protagonismo e da responsabilização.” Para o executivo, os atuais modelos ágeis guardam muitas similaridades com esses times semiautônomos implantados no final dos anos 1980.
O trabalho de Guilherme Cavalieri na presidência da ABRH-SP, de 2019 a 2021, coincide com a pandemia de Covid-19. “A gestão de crise foi intensa. Só sobrevivemos porque a diretoria anterior, sob a liderança de Theunis Marinho, deixou uma boa situação de caixa. Ao mesmo tempo, recebemos total apoio do Conselho Deliberativo para nossas ações.”
Em meio às adversidades da pandemia, a ABRH-SP estruturou a área comercial e lançou o programa MentoRHia, cujo sucesso se deve em grande parte a voluntários da Associação, que compartilharam experiências e vivências com os profissionais de RH. Uma conexão importante foi construída com o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). A parceria possibilitou a capacitação de conselheiros que tomaram posse na atual gestão, tanto da ABRH-SP como na ABRH-Brasil. “Também construímos um onboarding para os novos conselheiros, facilitando a integração e o entendimento da ABRH-SP àqueles que estreavam a nova cadeira. Além disso, construímos a quarto mãos (ABRH+IBGC) um programa de formação de membros que compõem o Comitê de Pessoas, que é conduzido pelo IBGC e se firma como uma experiência de sucesso, hoje em 6ª edição”, destaca.
Na gestão de Cavalieri também foi criada a figura do governance officer, com treinamento do IBGC e atuação como articuladora das ações do Conselho e importante suporte à Presidência do Conselho. “Demos sequência ainda a bons programas e iniciativas, como o LIFE (Liderança Feminina em Movimento) e as semanas da Inclusão da Diversidade e Transformação Digital. Importante também mencionar a grande mobilização de voluntários e associados em decorrência dos Grupos de Estudo presentes em todo o Estado de São Paulo.”
A formação como conselheiro de administração no IBGC tem possibilitado ao executivo oferecer contribuições fundamentais na Governança da ABRH. Nesta gestão, sob a liderança de Lia Aere, presidente do Conselho, foram criados cinco comitês de apoio ao Conselho: Alianças e Parceria; Pessoas; Revisão do Estatuto; Inovação e Transformação; e Resultados. “Estes comitês têm produzido resultados relevantes, e na linha de boas práticas estamos iniciando a revisão do estatuto. Pensamos em incluir avaliação dos conselheiros, em rever o número de conselheiros e instituir reuniões mais periódicas. Todos os pontos, ainda em debate pelos comitês, se aprovados pelo Conselho, podem representar avanços para a Governança da ABRH”, afirma.
As discussões mais atuais e relevantes para empresas e gestão de pessoas são pautas permanentes nas iniciativas da ABRH-SP. “A título de exemplo, alguns temas que estão na nossa agenda são cultura e clima organizacional, transformação digital, organização do trabalho e o trabalho no futuro, jornada do colaborador, diversidade e inclusão, saúde mental, reforma sindical. E aqui faço uma referência especial ao Corhale (Comitê RH de Apoio Legislativo).” De maneira prática, ressalta Cavalieri, a ABRH-SP vem organizando eventos e fóruns, grupos de estudos e elaboração de papers que trazem o debate para o centro das discussões.
Pessoalmente, o executivo acredita ser possível dar mais ênfase à inclusão social e destaca o programa Jovem Aprendiz. “É uma importante porta de entrada de jovens, muitas vezes oriundos de regiões de alta vulnerabilidade, no mercado de trabalho.”
Sobre diversidade, Cavalieri ressalta que todos os estudos globais realizados nos últimos anos mostram que empresas mais diversas ganham muito em inovação, colaboração, criatividade e se tornam melhores lugares para se trabalhar. Sempre que abordadas as vantagens de uma empresa diversa, o executivo reflete sobre uma fala extraordinária de Jorgete Lemos. Estas são palavras dela: “Vamos supor que as empresas não colhessem absolutamente nada por serem mais diversas. Pergunto a vocês, colegas de gestão de pessoas (e deu ênfase, vocês que tratam dos temas humanos nas empresas), ainda assim não incluiríamos a diversidade? Não é isso o correto a ser feito?” Desde que ouviu as ponderações de Jorgete, o executivo diz ter certeza de que este é o papel dos que atuam no RH. “Independentemente de qualquer retorno financeiro, devemos ser a voz do bem comum dentro das empresas.”
No que se refere à equidade de gênero, o conselheiro da ABRH-SP observa uma evolução significativa nas organizações, uma vez que tem sido alvo de grande atenção por parte de gestores privados e públicos. “As lideranças femininas têm trazido equilíbrio necessário nas decisões das empresas, na elaboração de normas e procedimentos, assim como em políticas públicas que são aperfeiçoadas constantemente”, ressalta Guilherme Cavalieri.
REFLEXÕES
Além de oferecer aos associados a oportunidade de conhecer a atuação de Guilherme Cavalieri, neste perfil a ABRH-SP também reúne suas reflexões sobre vários temas.
A pandemia e o momento da confiança
A pandemia demandou uma gestão de crise liderada pela área de Recursos Humanos jamais vista em tempo algum. Graças à prontidão e competência dos profissionais de RH, as empresas continuaram operando e o modelo comando-controle foi substituído pela tão ambicionada e necessária confiança entre líderes e liderados.
Inclusão da diversidade
Há 11 anos, o tema Inclusão da Diversidade entrou na pauta da ABRH-SP e permanece até hoje, contribuindo na construção de organizações melhores para o mundo. Iniciamos com ênfase na inclusão da pessoa com deficiência, evoluímos para gênero e ampliamos para outras expressões de diversidade. Estamos trabalhando fortemente em letramento para trazer mais consciência à comunidade de RH.
Oportunidade para os jovens
Não vejo melhor oportunidade de inclusão social do que o programa Jovem Aprendiz, que já está disponível e é obrigatório para todas as empresas. Conclamo os colegas de RH a incluírem no planejamento de pessoal a contratação como CLT desses jovens quando o programa de aprendizagem se encerra.
Mulheres na liderança
Na área de RH, as lideranças femininas já são maioria e caminham fortemente para serem em outras áreas das organizações. Isso tudo é fruto de um importante amadurecimento dos tomadores de decisão, mas também por grande pressão da sociedade, que não aceita mais qualquer tipo de discriminação.
Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (06 de Novembro de 2023)