A presença inspiradora de Jorgete Lemos

A trajetória de Jorgete Leite Lemos e a história da ABRH-SP se enredaram em 1984. Nascida no Rio de Janeiro, o desafio de trabalhar em São Paulo levou-a a assumir naquele ano o cargo de diretora de Serviço Social e Benefícios na Associação Paulista de Administração de Recursos Humanos (APARH). Sob esta sigla foram inúmeras as contribuições inovadoras de Jorgete para a entidade que viria a se consolidar mais tarde como ABRH-SP, maior comunidade de profissionais de Recursos Humanos do Brasil. Nesta parceria duradoura, entrelaçam-se a experiência e a presença inspiradora de uma mulher negra que conquistou representatividade nacional e reconhecimento como uma das pioneiras no setor de gestão do social nas corporações no País.

Assistente social por formação, a CEO da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços é conselheira consultiva do CIEE (Centro de Integração Empresa Escola). Diretora de Diversidade na Sobratt (Sociedade Brasileira de Teletrabalho), implantou e foi diretora de Diversidade da ABRH Brasil entre 2013 e 2021.

Na chegada a São Paulo para um novo desafio profissional, a necessidade de compartilhar experiências levou a carioca Jorgete Lemos na década de 1980 à APARH. “Naquela época, um dos objetivos da APARH era desenvolver e manter espaços para a discussão e produção de conteúdos, entre os quais a ‘Dimensão Social e Benefícios’, temas fundamentais para os profissionais de RH que ainda careciam de realinhamento às estratégias de negócio das empresas”, conta.

A ABRH-SP, na visão de Jorgete, torna-se pioneira quando assume o que ela chama de “postura de vanguarda”. “A entidade apoiou a abordagem das questões sociais como fator crítico de sucesso, resgatando-a não como um problema, mas como uma potencialidade a ser maximizada pelas organizações públicas e privadas”, afirma.

Entre 1986 e 2006, Jorgete coordenou vários eventos na ABRH-SP e teve a oportunidade de publicar abordagens de vanguarda no espaço reservado à entidade no jornal O Estado de S. Paulo. Associativismo e cooperativismo, mulheres no mercado de trabalho, etarismo, retenção de talentos, terceiro setor, desenvolvimento sustentável, diversidade foram alguns dos inúmeros temas que mereceram reflexão no jornal de circulação nacional. Mais tarde, os conteúdos foram reunidos em seu livro, Serviço Social Organizacional: Ações precursoras à responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável.

O ano de 1999 assinala uma mudança de rumo no trabalho desenvolvido por Jorgete e também para a ABRH. Sem abrir mão de atuar no Conselho Deliberativo da seccional paulista, ela demarcou uma atuação fundamental na ABRH Brasil, como vice-presidente nas áreas de Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. As abordagens, que envolveram todas as seccionais, resultaram no livro Responsabilidade Social e Terceiro Setor – ABRH Nacional.

Organizadora, coordenadora, palestrante em seminários e congressos promovidos pela ABRH, Jorgete Lemos foi incluída no seleto grupo de “Personalidades que fazem a história no RH”. Suas realizações no período de 2002 a 2007 foram compiladas no livro Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável.

Ao assumir a presidência da ABRH Brasil, Leyla Nascimento convidou-a para implantar e estar à frente da Diretoria de Diversidade na entidade. Este trabalho resultou em eventos por todo o País, publicação de pesquisas e palestras. Merece destaque sua participação no encontro promovido pela Universidade Zumbi dos Palmares com Naomi King, fundadora da A. D. King Foundation.

No Fórum Inclusão da Diversidade, um dos principais eventos promovidos pela ABRH-SP, Jorgete participou de várias edições como curadora de conteúdo.

Como autora do “Manual da Diversidade”, Jorgete teve a oportunidade de incorporar este trabalho aos acervos do Ministério da Promoção da Equidade Racial e da Biblioteca da Presidência da República.

No período de implantação da chamada “Lei de Cotas”, foi convidada pela ministra Luiza Helena Bairros, da Secretaria de Políticas Públicas da Igualdade Racial, a discutir estratégias para adesão das empresas privadas à adoção de políticas afirmativas para inclusão racial.

A atuação de Jorgete Lemos resultou em vários prêmios e reconhecimentos, entre eles o Sabiá-Laranjeira – Ideia Sustentável, Excelência Mulher e Ruth de Souza.

REFLEXÕES

Além de oferecer aos associados a oportunidade de conhecer a atuação inspiradora de Jorgete Lemos, neste perfil a ABRH-SP também reúne reflexões de Jorgete Lemos sobre vários temas da atualidade.

O RH nas transformações das relações de trabalho

Recentemente, o mundo do trabalho foi impactado por alguns movimentos, como ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável – ONU), ESG (Environmental, Social and Governance) e DEIP (Diversidade, Equidade, Inclusão e Pertencimento). Era esperado que o RH se apropriasse desses princípios, transpondo-os para projetos corporativos que auxiliassem as empresas na humanização do trabalho e sustentabilidade dos negócios. No entanto, o protagonismo do RH não foi ressaltado de imediato. Em contrapartida, foi louvável a atuação dos profissionais de Recursos Humanos em situações de crise decorrentes da Covid-19. Também é louvável a ação do RH na aceleração do conhecimento e apropriação da Inteligência Artificial, tornando as ferramentas digitais acessíveis a todas as áreas e profissionais de diferentes formações.

A importância da ABRH-SP

A ABRH-SP é vital para os profissionais de Recursos Humanos e empresas porque vem cumprindo fielmente a missão de “construir e difundir de maneira inspiradora e colaborativa o conhecimento e conteúdo em gestão, valorizando e desenvolvendo pessoas e organizações para e evolução da sociedade brasileira”. Estar atenta, checar e validar tendências, produzir conteúdo para aprimoramento contínuo, não somente para os profissionais de RH, mas a todos que trabalham com pessoas, é genuinamente uma missão. A política de acessibilidade aos eventos e conteúdos, adotada pela ABRH-SP, é outro facilitador para a democratização da aprendizagem.

Inclusão da diversidade nas organizações

Todos nós somos diversos. Todas as organizações humanas são diversas. As organizações precisam se munir de informações fidedignas (Letramento em DEI), políticas, planos de ações e preparar as lideranças e seus públicos de interesse para a inclusão. Em uma realidade desigual, como a que vivemos, a inclusão requer soluções baseadas na equidade, e não na meritocracia.

Mulheres e mercado de trabalho

Precisamos acelerar o entendimento, a partir da perspectiva dos homens, o porquê do ódio, da discriminação, dos preconceitos contra as mulheres. É necessário trazê-los para os debates sobre equidade de gênero. Não há sentido em discutir as questões e dores das mulheres só entre as mulheres.

Mulheres negras

Além de trazer os homens para o debate, precisamos introduzir nessa conversa informações sobre a origem do racismo estrutural em nosso País. É essencial discutir sobre privilégios e pacto da branquitude.

ESG nas questões raciais e na inclusão das mulheres

Quanto à diversidade racial, temos o Pacto de Promoção da Equidade Racial que objetiva implementar um Protocolo ESG Racial para o Brasil, trazendo a questão racial para o centro do debate econômico brasileiro e atraindo a atenção de grandes empresas nacionais, multinacionais e da sociedade civil para o tema. A inclusão da mulher nos quadros corporativos, principalmente nos cargos C-level, está se consolidando a cada dia, como exigência dos investidores.

A realidade do etarismo

O etarismo expressa preconceito. As pessoas se apoiam em informações seculares para discriminar as pessoas 50+. As relações de promoção das pessoas 50+ ainda não são prioridade. E as crianças não estão sendo ensinadas a valorizar as gerações.

Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH-SP (08 de Maio de 2023)