O Brasil tem cerca de 20 milhões de jovens com idades entre 18 e 24 anos. Neste imenso grupo, 6 milhões não concluíram o ensino médio. Outros 4 milhões, apesar de completarem este ciclo, não conseguem uma colocação no mercado de trabalho. Para Iris Barreira, diretora consultiva da ABRH-SP, este cenário expressa uma grande diferença entre expectativa e realidade. “Obviamente, os recrutadores querem o melhor talento, a pessoa com o melhor potencial e qualificação. Mas o que temos atualmente é um apagão de talentos não só no Brasil, mas no mundo todo.”
Para Iris Barreira, a desconexão entre o que se espera e a mão de obra jovem que há no mercado é o grande obstáculo para que os recrutadores encontrem o perfil mais adequado para preencher posições nas organizações.
De fato, o jovem não chega ao primeiro emprego com experiência. “Mas o que vemos atualmente é uma grande dificuldade de qualificação no Brasil”, diz a diretora consultiva da ABRH-SP. “Não é de hoje, o País tem muito a fazer pela educação, especialmente no que se refere ao ensino técnico”, completa.
O impacto global da pandemia, segundo Iris, é um fator que não pode ser desconsiderado. “Em 70% dos casos, nós aprendemos fazendo; 20% se dá a partir das diversas interações com os líderes, pares, colaboradores, entre outros; somente 10% é aprendizado formal como cursos, leituras, vídeos etc.”, afirma. “Nos períodos mais críticos da Covid-19, muitos jovens ficaram fechados em suas casas, sem interação social e sem estudar. Do ponto de vista de comunicação e resolução de problemas, esta reclusão afetou significativamente esta população.”
Sobre o déficit de perfis jovens no mercado de trabalho, Iris ressalta que é primordial às empresas entenderem que não vão conseguir ter pessoas preparadas para os cargos o tempo todo. “Mais que isso, é preciso que as organizações invistam nesta curva de aprendizado”, reforça.
No que compete ao candidato a uma colocação no mercado de trabalho, Iris Barreira recomenda ao jovem a atualização permanente. “Há cursos gratuitos na internet, há livros e jornais como ferramentas, assim como interações sociais como fonte de informação e aprendizado” diz. Segundo ela, também é importante que a pessoa identifique a área em que deseja trabalhar, de acordo com seus dons e suas aptidões. “O Brasil só terá uma mão de obra mais qualificada se empresas e organizações governamentais tiverem como prioridade o desenvolvimento de seus jovens”, conclui a diretora consultiva da ABRH-SP.
Fonte: Assessoria de Comunicação ABRH- SP (23 de Janeiro de 2023).